Saturday, March 28, 2015

Intervalos


Uma dúzia de anos
E nossas vidas se cruzaram como eclipses
Encontros raros
Únicos a cada ciclo

Sol e Lua
Uma eternidade desencontrada

Da ponta dos dedos saíram os toques
As carícias mais suaves
Mas também nossas palavras
Doces, amargas
Salgadas
Limitadas

Com a primeira lágrima, veio também a última
E mais um ciclo se finda
E mais uma cicatriz permanece
Dessa vez não parti
Continuo aqui

Dói, porque o corte é profundo
Porque dividimos o mesmo Mundo
Esse remédio amargo que não cura
Que só deixa de doer quando vira superfície
Dizem que logo se acostuma
Que o remédio fica doce
Que um amor placebo é capaz de sarar um desamor

Eu e tu nunca fomos nós
Serei nós agora

Vambora!
Aceitei a vida e as alegrias de viver sem ti
Que me fazia Eu
Que Eu fazia Tu
E que nunca nos fizemos
Mas agora seremos!




Eclipse

Quando eu era Sol
Aceitei ser Lua
Pra ser tua
Porque eras Lunar
Então te pedi que fostes Sol
Pra me iluminar

Sol não quisestes ser
Nem mesmo pra me aquecer
Querias que fossemos Luas
Mas sem o Sol
Como seria possível nosso Eclipse?

Voltei a ser Sol
Sozinha
Continuarei a iluminar novas Luas
De Júpiter
De vidas escuras, noturnas
Que seja

Que se acomodem aqueles que se alimentam do meu calor
Porque só sei irradiar amor
Se meus raios machucaram tua epiderme
deixa pelar, descamar, regenerar
Serás novo amanhã

E eu serei o mesmo Sol
Amando, queimando
Aquele que se esconde pra deixar a chuva passar
Que ilumina o Luar
Que só sabe amar